Ontem esperávamos que o Benfica tivesse ganho o jogo e fosse muitíssimo superior. Sabíamos que os jogadores estavam revoltados com todas as injustiças e críticas que têm sido alvo e dariam a resposta dentro de campo.

Também fora de campo os adeptos estavam a sentir que era o nome do “Sport Lisboa e Benfica” que estava a ser posto em causa e também deles esperávamos a criação de um verdadeiro Inferno da Luz, tal como se veio a registar.

“mas acreditamos que esse 11 e 61.750 loucos da cabeça serão capazes de fazer a diferença e mostrar a todo o mundo do futebol que o Benfica nunca deve ser subestimado e que cada facada que nos tentam dar faz-nos regenerar novos tecidos e surgir com ainda mais força.

Estão a tentar acordar o gigante? Então preparem-se para o aturar…”

E foi isso que aconteceu. Muito superior taticamente em todos os momentos do jogo (com exceções das transições ofensivas do Sporting, único momento do jogo onde os verde-e-brancos conseguiram criar perigo), o Benfica esteve sempre por cima, remetendo o Sporting ao seu primeiro terço defensivo e à sorte de ver a bola rasar os postes mais de meia dúzia de vezes.

No Sporting, apenas Bruno Fernandes e William Carvalho conseguiam sair a jogar, e não fosse a presença do trinco, e o Sporting teria saído do Estádio da Luz humilhado pelo resultado. Assim, saiu apenas humilhado e subjugado a uma exibição que foi em tudo superior da parte do tetracampeão nacional. Notas positivas para a dupla de centrais e Coentrão que fazem de facto a diferença na I Liga Nacional.

No Benfica, o destaque vai para Krovinovic, cada vez mais Krovimodric. O croata jogou e fez jogar, conseguindo estabelecer sempre os ritmos que a equipa necessitava. Grimaldo na esquerda deu a profundidade ofensiva que a equipa precisava, conseguindo causar inúmeros desequilíbrios através de investidas pelo meio. As entradas de Raúl, Rafa e João Carvalho vieram trazer maior qualidade e quantidade no último terço, sendo que, quanto a nós, foi a entrada de Rafa que permitiu que o Benfica começasse a fazer várias transições ofensivas que colocaram maiores dificuldades ao Sporting.

Ao contrário do jogo do Dragão, o Benfica tentou sempre sair a jogar e quando não saía tinha bem definidas as zonas para as quais a bola devia ser colocada, em particular, a lateral esquerda leonina onde se encontrava Fábio Coentrão cujo jogo aéreo será a sua qualidade menor.

O volte-face no jogo que se deveu em muito às substituições

Quanto às substituições, feitas por Rui Vitória, ajudaram efetivamente o Benfica a ganhar maior domínio e a criar cada vez mais perigo junto da baliza do Sporting. No entanto, não conseguimos concordar com o facto de estas, uma vez mais, terem sido feitas também “para a bancada”. Passo a explicar: os jogadores que entraram fizeram efetivamente a diferença. Tal como já defendemos aqui, o 4-4-2 é a melhor tática para um Benfica que necessite de marcar golos e a entrada de Raúl trouxe Jonas de volta ao “seu jogo” e só isso coloca logo o Benfica num patamar de qualidade superior. As entradas de Rafa e João Carvalho não são nada mais senão a entrada de dois dos melhores jogadores do Benfica e que quanto a nós deviam ser titulares (Rafa) ou ter muitos minutos (João Carvalho). Claro que a equipa melhorou! Mas quem saiu, quanto a nós (e indicamos desde já o nosso desconhecimento se houve razões físicas por detrás das escolhas, ou seja, a avaliação que fazemos apenas é válida se as escolhas foram feitas por questões técnico-táticas) não foi quem devia ter saído:

  • compreendendo a saída de Pizzi, era Sálvio quem perdia bolas atrás de bolas e continuava a ser um empecilho na máquina atacante do Benfica. Mais uma vez assistimos ao filme Sálvio contra o mundo. Queria dar maior pendor ofensivo e contava com Sálvio para o fazer como lateral direito? Tirava logo ali André Almeida, recuava Sálvio e descaía Pizzi para a direita.
  • Saída de Fejsa para a entrada de Rafa, derivando André Almeida para trinco e Sálvio para lateral direito. A pergunta que se impõe é: quem é melhor a trinco? Fejsa ou André Almeida? Fejsa. Então porquê tirar o sérvio? Para nas bancadas toda a gente ficar a pensar o que é que ele foi fazer e que era uma solução “out-of-the-box” mas que RV até isso treina? Tirava André Almeida e deixava Fejsa sossegadinho a fazer aquilo que ele faz como ninguém. Caso tivesse optado por tirar André Almeida na 1ª substituição, tirava agora Pizzi. Fácil.
  • Na última substituição, sai Rúben Dias para entrar João Carvalho, derivando André Almeida para central e jogando o Benfica sem um médio defensivo e apenas com 3 médios centro. Pergunta que tem que ser feita novamente: quem é melhor central, Rúben Dias ou André Almeida? Rúben, de longe. Então saía André. Escusava mais uma vez de estar a mexer em duas ou três posições para que o público abrisse a boca de espanto face à solução encontrada por Rui Vitória. No nosso cenário, desta vez sairia Fejsa, abdicando do médio-defensivo e jogando com 3 médios centro.

Ou seja, teria sido possível RV ter feito as substituições que tinha intenção, sem andar a rodar Almeida por todas as posições e deixando os melhores em campo nas suas posições. Se calhar, não tinha era, como tem hoje, muitos adeptos acéfalos a idolatrar a genialidade das suas substituições. Mas se calhar até tinha ganho o jogo…

Para finalizarmos esta primeira análise, e ainda antes do balanço final, repare-se que o Benfica, nos últimos minutos, não caiu na tentação do pontapé para a frente, colocar 5 ou 6 jogadores na linha defensiva do Sporting mas tentou sempre sair a jogar como faz parte do seu ADN. A justificação é simples, é que mais do que fazer parte do ADN do treinador (que não faz) ou da equipa, o estilo de jogo apoiado e com cabeça faz parte do ADN de alguns jogadores. Depois é só relembrar que estavam a jogar do meio-campo para a frente João Carvalho, Krovinovic, Rafa, Cervi, Jonas e Raúl. Se calhar faz diferença…

Balanço final

Péssimo resultado, não só porque à partida já o seria, mas principalmente porque o Benfica foi muitíssimo superior ao Sporting. A luta pelo título de campeão nacional fica mais complicada e onde as próximas duas jornadas nos podem arredar da possibilidade de conquistarmos o pentacampeonato antes de 2023. Caso esta exibição tenha sido apenas mais uma (perdoem a expressão) “tesão do mijo”, então isso far-se-á sentir nas próximas duas deslocações e a #missaopenta fica adiada no mínimo para esse ano de 2023. Caso ganhemos esses dois jogos, fica provado que temos equipa para lutar até final e a possibilidade de conquista do penta permanecerá intacta.

Estamos a 8 pontos da liderança, mas acreditamos que não foi “tesão do mijo” e o Sport Lisboa e Benfica está de volta e, agora que acordaram o monstro, vão ter que o aturar!