Tal como se previa aqui e aqui, este foi um jogo muito difícil para o Benfica. Como ninguém achava que o caminho #rumoaopenta ia ser feito sem perda de pontos, continuamos a trabalhar para que o #penta se possa concretizar.

1ª parte onde o Rio Ave fez o que o Benfica devia ter feito, e onde o Benfica fez…pouco mais que nada.

2ª parte onde o Benfica corrigiu alguns aspetos mas continuou sem uma ideia tática que lhe permitisse estar confortável no jogo.

Ao contrário do que muita gente pensa, e apesar do futebol não ser uma ciência, há muito de científico no mesmo. Há princípios genéricos, ofensivos e defensivos que não são nada mais senão princípios físicos e matemáticos aplicados à prática do futebol. Neste jogo, parece que apenas o Rio Ave o sabia.

Um dos princípios ofensivos, fala-nos em “espaço”. A equipa que ataca deve procurar tornar a área útil de jogo o maior possível, para que exista menor “concentração” (princípio defensivo que se opõe ao de espaço) de jogadores por m2. Na 1ª fase de construção, o Rio Ave aplicou quase sempre este princípio, pelo que, a pressão alta que o Benfica fazia tinha menor probabilidade de sucesso. Já o inverso não se passou, com os laterais do Benfica a não darem a largura suficiente para permitir a equipa sair da 1ª linha de pressão. Compare-se o posicionamento dos laterais de Rio Ave e Benfica respetivamente, nas imagens seguintes.

Rio Ave aberto.png

SLB fechado.png

Adicionando a isto a qualidade com bola dos defesas e GR do SLB, e temos encontrado por ventura o maior ponto de falha desta equipa jogando com estes jogadores.

Bruno Varela não transmite segurança nenhuma à equipa no jogo com os pés, não coloca a bola onde quer e não tem visão suficiente para perceber qual o colega que deve receber a bola.

André Almeida, Eliseu e Jardel têm um défice muito grande no que respeita à técnica de controlo da bola.  Luisão conhece as suas limitações e joga com isso, Lisandro peca precisamente por não as conhecer.

Enquanto que o Rio Ave trocava a bola serenamente perante a pressão do Benfica (tendo a coragem de jogar muitas vezes no risco), o Benfica não arriscava e batia na frente. Se a coisa corresse bem, até se conseguia atacar, caso contrário o Rio Ave recuperava logo a bola e lá vinha mais um ataque. Claro que o Benfica até podia ter ganho o jogo, mas não é este jogar que nos apaixona e não pode ser esta a ideia de jogo que Rui Vitória quererá transmitir aos seus jogadores. Queremos jogadores que queiram ter bola, que consigam sair da pressão e apanhem a equipa adversária desposicionada. Como o Rio Ave o fez tantas vezes como ilustra a imagem seguinte.

Rio Ave aberto 2.png

(laterais bem abertos assinalados com um círculo e que permitem à equipa sair da pressão alta)

Mais importante do que tudo, é analisar o que correu menos bem, aprender com os erros e emendá-los já no próximo jogo. Havendo agora uma pausa, é um bom momento para corrigir estes e outros aspetos.

As possíveis entradas de Júlio César, Rúben Dias e Grimaldo corrigiriam por si só muitos destes problemas, pois são jogadores que gostam e sabem ter bola. Tem a palavra o Mister Rui Vitória.

Uma nota final de parabéns ao Rio Ave que teve a coragem de continuar com as suas ideias de jogo mesmo jogando contra o Tetracampeão Nacional. Tresanda a Paulo Fonseca, Miguel Cardoso. Vai muito longe esta equipa.