Enquanto benfiquista eu quero duas coisas:

  1. Que o Benfica ganhe e
  2. Que o Benfica viva para sempre.

Estes dois objetivos não devem ser contraditórios, mas a verdade é que podem sê-lo.

Para ganhar é necessário gerir o clube com ousadia e querer sempre mais. Queremos alcançar objetivos sempre maiores. Se temos o tetra, queremos o penta. Quando tivermos o penta, vamos querer o hexa. Isso impele-nos a correr riscos.

Mas para que o Benfica viva para sempre é preciso haver uma gestão prudente, que assegure que não se dá um passo maior que a perna, que zele pelo bem estar financeiro do clube e do seu “braço armado”, a SAD.

Como é que se pode ganhar sempre, sem arriscar a vida do nosso SLB?

Vamos reparar nas contas do dois últimos semestres da SAD. O que vemos? Dois factos principais e notórios.

Um: uma organização empresarial que se apresenta saudável, capaz de gerar lucros através de várias linhas de negócio, entre as quais a valorização de jogadores, que é apenas uma entre essas fontes de lucro.

Dois: uma organização com alguma pressa de devolver capital aos credores. Porquê essa pressa? As dívidas, sejam elas empréstimos bancários ou obrigações, não são em si bons nem maus, depende das circunstâncias. Se temos um modelo de negócio que gera dinheiro suficiente para os juros e ainda sobra, porquê desalavancar? Falta de ambição? Já lá iremos…

É fácil – por enquanto – renovar dívida, isto é, obter novo dinheiro para pagar as dívidas que se vão vencendo. Há dinheiro com fartura no mercado e os juros são baixos.

No entanto a atual gestão entende que é altura de ser prudente – certamente pensa que as condições de financiamento atuais não se vão manter para sempre – e portanto, para reforçar as condições de sobrevivência do clube, opta por pagar algumas dívidas em vez de reinvestir todos os resultados financeiros que tem conquistado. Ao mesmo tempo, procura não comprometer demasiado o objetivo número um, o de ganhar sempre.

Este equilíbrio é que é difícil: ser prudente mas não demasiado. Falta de ousadia implica normalmente ficar mais longe da vitória e não queremos isso.

Nesta época vemo-nos a caminhar por cima dessa fina linha. Em resultado de uma saudável prudência, arriscamo-nos a não ganhar.

Entendo mas não gosto.

Não temos uma bola de cristal, por isso só lá para maio saberemos se as decisões financeiras dos semestres anteriores foram boas ou más.