Complicar o que é fácil foi o que o Benfica fez ontem perante mais de 21.000 espetadores no Estádio da Luz.

Vamos começar primeiro pelas boas notícias. Desengane-se quem acha que isto terá algum impacto negativo nos próximos jogos do campeonato. Não só não vai ter, como vai fazer com que a equipa esteja mais concentrada nos próximos jogos. Com o empate de ontem, o Benfica ficou mais próximo de ganhar ao Sporting dia 3, por exemplo.

Porquê?

O que aconteceu ontem teve origem no relaxamento e consequente diminuição dos níveis de concentração da equipa. Quando Rui Vitória ao intervalo fala apenas no que deve ser feito para aumentar a vantagem para 3-0, o inconsciente dos jogadores, pela mensagem e pelo que tinha sido o jogo até então, tomaram apenas como possíveis duas hipóteses: ou conseguiam aumentar a vantagem, ou não conseguiam (o que no inconsciente significava ficar 2-0), ou seja, houve expetativas mal geridas por parte de RV e que se vieram a tornar mal digeridas pelos adeptos.

Ao começar a 2ª parte a sofrer um golo, houve uma reação de surpresa inesperada e desagradável para a qual os jogadores não estavam preparados, o que levou a que demorassem algum tempo a reagir. Quando o conseguiram fazer, Rui Vitória tratou de entregar ao Portimonense a possibilidade de empatar o jogo.

Os pecados capitais de Rui Vitória

No início da época, o Benfica começou a jogar no meio-campo com Fejsa e Pizzi. Para 80% dos jogos, esta dupla é suficiente para o Benfica controlar o meio-campo.

RV decidiu alterar para 4-3-3, tendo tido o engenho (ou sorte) de colocar, ao lado da habitual dupla, Krovinovic. Claro que este trio leva de vencida a qualquer meio-campo a atuar em Portugal e pode inclusivamente dar-se ao luxo de defensivamente não ter sempre de envolver os 3 elementos, ou seja, existem períodos de maior relaxamento principalmente dos 2 médios-centro.

Para o jogo de ontem, começámos com Samaris, que não é nenhum Fejsa. Não recupera mais de 20 bolas/jogo mas claro que o grego, para o jogo em questão, chegava e sobrava.

A 1ª parte foi toda do Benfica, com exceção de dois lances oferecidos por Lisandro López ao Portimonense, e o 2-0 era um resultado curto para o que se tinha passado em campo.

Depois da quebra de concentração que já falámos, RV coloca Keaton Parks por Samaris. Ora o norte-americano não é um Fejsa, não é um Samaris, nem sequer é um nº6… mas também não é por aí que vem mal ao mundo, porque jogar com três “oitos” frente ao Portimonense não constitui problema, como se veio a verificar pelo perigo que o Benfica criava e que o Portimonense não criava.

Aos 80 minutos RV saca da última cartada que vem aniquilar por completo a equipa do Benfica. Sai Pizzi e entra Seferovic, quando no minuto anterior Jonas tinha tido expressões físicas que indicavam um cansaço latente. Meio-campo reduzido a 2, sendo que Keaton tentava jogar a 6 e não conseguia ter sucesso. Mensagem passada para a equipa, reforçando aquela que tinha sido passada ao intervalo: temos que marcar o 3º golo, vejam lá que até me dou ao luxo de tornar a jogar com 2 avançados… e pronto…o Portimonense assume o meio-campo e consegue partir para cima do Benfica. Mais uma bola parada e o Portimonense chega ao empate – com claras responsabilidades para Svilar que fez o jogo mais intranquilo desde que chegou ao Benfica.

Agora resta rezarmos para que haja um empate entre Braga e Setúbal para que ainda estejamos na luta pela qualificação para a Final-Four. Se o Setúbal ganhar está qualificado, se o Braga ganhar, basta-lhe ganhar à segunda linha do Portimonense para jogar a Final Four em sua casa. Motivação nos píncaros para os arsenalistas que deverão ganhar facilmente os dois jogos em questão.

Perante esta quase eliminação da Taça da Liga, decidimos mesmo assim não desvendar já aquela que é para nós a pior notícia do dia. Conseguem adivinhar qual é?