A Taça da Liga foi criada com o intuito de dar minutos aos jogadores menos utilizados das equipas profissionais, de forma a que também estes pudessem ter competição e ajudar os clubes portugueses na rentabilização dos seus ativos, melhorando a economia do futebol de uma forma geral.

Por este objetivo, desde cedo se previu que os vencedores da prova seriam os clubes grandes que tivessem maior profundidade do plantel ou os pequenos que conseguissem investir grande parte dos seus objetivos da época na conquista deste troféu.

Este ano, pelas escolhas que Rui Vitória tem feito para o 11 inicial, o Benfica apresenta de todas as equipas profissionais o 11 alternativo mais forte e, por isso, seria o maior candidato para a conquista da Taça da Liga. Digo “seria” pois neste momento não consegui até agora descortinar o que é que Rui Vitória tem em mente. Se a Taça da Liga será um ensaio “tático” para o Campeonato, ou se será um palco para que jogadores menos utilizados se possam mostrar.

E é aqui que surge o nome de Rafa. Sabemos que neste momento Rafa nem alegria para treinar tem. Ter 10 minutos de 5 em 5 jogos, quando a sua ambição passava por ser titular e um dos elementos com maior preponderância na equipa justifica-o. Claro que o jogador poderia e deveria ser o primeiro a tentar dar a volta, mas tal já aconteceu o ano passado e a mente de um ser-humano não é de ferro e não reage como pretendemos. Rafa foi o quarto jogador mais vezes eleito melhor em campo o ano passado (o “Ontem” fez essa contagem jogo a jogo e no final, creio que Rafa ficou em 4º). E atenção, fez 20 jogos a titular a época toda, não fez 54.

Quem alcança este registo provavelmente será titular de caras no ano seguinte. Rafa não o foi e o problema é que Rui Vitória, tal como a maior parte dos adeptos, não conseguiu perceber que Rafa tinha sido o melhor em campo em tantos jogos… porque passava a bola sempre no tempo certo, porque se desmarcava, porque jogava com inteligência, porque colocava a equipa sempre mais próxima do golo, porque fazia tudo bem com exceção…da finalização! Aquilo que para os adeptos é o que verdadeiramente conta (quem marca o golo, ou quanto muito também se importam com quem é que assistiu), parece que é também o que conta para Rui Vitória. É a única justificação, porque a única coisa em que Rafa falhava era a finalização. Rafa falhava quase tanto como quase todos os outros jogadores juntos; chegava a falhar 4 ou 5 lances de golo num só jogo. O que a maior parte nunca se perguntou, é como é que Rafa conseguia chegar a 4 ou 5 ocasiões de golo claras num só jogo…

Rafa tinha um problema claro: a finalização. Dêem-me duas semanas com um jogador (bom claro!) com dois jogos a titular e ao terceiro a finalização dele estará ao nível desejado. Claro que não conseguiria fazer esse trabalho sozinho, porque a capacidade de finalização, para além da vertente técnica, envolve muito da componente mental. Acima de tudo, foi sempre esta componente que falhou em Rafa. Devolvam-lhe a alegria de jogar e a confiança de ser um dos melhores jogadores do Benfica (Top 3 para mim!) e teremos um patinho feio que se transforma num cisne.

A vinda de Rafa, com exceção do preço pago que para muitos adeptos coloca logo um rótulo de “ou brilhas já ou não prestas”, tinha tudo para fazer de Rafa um ídolo no Benfica. A maior parte dos adeptos desconhece, mas Rafa era pretendido por FCPorto e por SportingCP. No último dia do mercado de transferências, Rafa está no hotel da Seleção e já tarde, chegam a esse hotel alguns responsáveis do Sporting. Rafa está no quarto e é informado de que estão lá em baixo pessoas para falar com ele. Rafa pergunta quem são e quando lhe dizem que são responsáveis do Sporting, Rafa diz que então não vai descer e que eles se podem ir embora. “Só desço para falar com responsáveis do Benfica. Para sair do Braga, só saio para o Benfica.”.

Luís Filipe Vieira está entretanto a ter uma luta titânica com António Salvador sobre o preço de Rafa. O presidente do SLBenfica é informado do que acabara de acontecer no hotel e da vontade do jogador em envergar o manto sagrado. “É destes jogadores que precisamos no Benfica!” – e decide pagar o exigido, avançando para a contratação do jogador.

Com características físicas distintas de todos os outros elementos do plantel (principalmente no que diz respeito à velocidade) e onde as características cognitivas (principalmente a velocidade de reação e tomada de decisão) estão ao nível dos melhores, e após tudo o que tinha passado, Rafa vinha para o Benfica com a ilusão de conseguir mostrar todo o seu potencial. Uma lesão não ajudou na fase inicial, mas depois Rafa, mesmo quando jogou, nunca caiu no goto de Rui Vitória – talvez porque preferisse o passe para a equipa progredir ao invés do esforço, suor e lágrimas para romper no meio de 3 adversários.

O tempo está a passar e infelizmente, um dos melhores jogadores que o Benfica tem, continua sem ter alguém que lhe pegue ao colo – agora que está a precisar – em vez de o deixar cair como Rui Vitória está a fazer.

(não temos conhecimento de nenhum episódio menos correto de Rafa no Benfica, como aconteceram com outros jogadores como Taarabt por exemplo, por isso, partimos do princípio que nada se passou e que é apenas uma escolha, obviamente legítima, de Rui Vitória)