No futebol, como em tantas coisas na vida, o efeito bola-de-neve é um dos que mais se faz sentir. No jogo no dragão, esse efeito foi evidente e ajuda a explicar o porquê do crescimento do FCP e recuo do Benfica.

Até aos 30 minutos, Fejsa tinha recuperado 7 bolas, a maior parte delas no meio-campo ofensivo ou à entrada do nosso meio-campo. A partir do momento em que o jogo começou a ser mais pelo ar e menos definida a zona do terreno, Fejsa diminui a sua capacidade de atuação.

Fejsa recupera muitas bolas porque sabe ler o jogo como poucos e tenta-se posicionar em sítios estratégicos para a sua recuperação. Sítios estes, que são sempre perto do centro de jogo (onde a bola está). A partir de um pontapé direto de Varela, o centro de jogo é mais imprevisível e Fejsa não tem tempo para “se preparar”.

As recuperações e perdas de bola do Benfica foram as seguintes:

Rec e perdas.PNG

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O diferencial de recuperações é reduzido, tal como o de perdas. Mas menos recuperações e mais perdas já começam a fazer a diferença.

Se o FCP está muito mais confortável a jogar pelo ar, usando a força e a velocidade e nós estamos mais confortáveis com a bola no chão e utilizando a inteligência, então devíamos ter continuado a fazer o nosso jogo e não o deles.

Pela análise efetuada, não houve nenhuma mudança tática do FCP. Simplesmente ganhavam a bola pelo ar e jogavam-na logo na frente, nos avançados, uma vez que se criava espaço para isso acontecer, pois os nossos médios tinham ido disputar a bola ou o ressalto. A partir daí era nova cavalgada até à nossa baliza, até que surgisse novo pontapé de baliza ou bola defendida por Varela, que originava novo pontapé na frente e novo recomeço do ciclo “mais” do FCP.

“Eles pressionavam e ganhavam mais bolas mais alto” – outro mito que pelos dados obtidos também é falso. O FCP conseguiu recuperar apenas 5 bolas no último terço enquanto que o Benfica recuperou 8. E o Benfica conseguiu inclusivamente recuperar mais bolas no seu meio-campo (2º terço) do que na sua defesa (1º terço)! Quando a bola estava no chão, a vantagem foi sempre nossa. Bola no ar e no espaço, vantagem deles.