Serão muitas as dificuldades que o Benfica enfrentará no Estádio do Dragão no 1º dia do mês de dezembro.

A começar desde logo pelo peso que o histórico de maus resultados traz sempre na preparação e no jogo em si.

Este ano, o FCP tem algumas características que tornam este o jogo mais difícil da época, principalmente porque muitos dos seus pontos mais fortes coincidem com os pontos mais fracos do Benfica.

Como vimos aqui, o Benfica tem feito maus resultados cada vez que o grau de dificuldade aumenta e está na altura de inverter esta tendência!

Características gerais F.C.P.

A equipa do F.C. Porto apresenta níveis de intensidade muitíssimo superiores aos dos da equipa do Benfica. O querer transmitido pelo seu treinador é visível dentro de campo e o número de segundas bolas ganhas atesta esta opinião. O “querer” é opcional e tem a ver com a motivação que cada jogador encontra individualmente dentro de si ou em fatores externos. Os jogadores do F.C. Porto este ano estão hiper-motivados e tem sido este um dos fatores que tem feito a diferença.

Características defensivas F.C.P.

O FCP pressiona muito alto com 3 homens a saírem imediatamente à equipa adversária. Os 3 do meio-campo também sobem (com Danilo mais recuado) mas a defesa fica uns bons metros atrás da linha do meio campo, convidando a que o adversário bombeie a bola para a zona entre a defesa e o meio-campo, onde o FCP está como peixe na água, com Filipe, Marcano e Danilo a ganharem quase todos os lances por alto. Bola recuperada, torna a atacar. Este é um dos pontos em que o Benfica não poderá nunca cair (o de bombear bolas), pois se o FCP já tem vantagem contra todos os adversários, com Jonas, Sálvio e Cervi (ou outros que tais) a desvantagem encarnada é por demais evidente.

No nosso entender, deve existir a preocupação de sair a jogar, colocando os jogadores nunca em número igual ao FCP, ou seja, nas linhas que o FCP tem 3, colocar 2; nas linhas em que o FCP tem 2, colocar 3.

disposicao ofensiva FCP.PNGIsto conduz a uma tendência de recuo da pressão, pois sobrando um, há a tendência para recuar, pois nenhuma equipa tenta pressionar 2 jogadores com 3 adversários, pois senão sabe que sobrará sempre alguém a trás, logo, os extremos por exemplo têm tendência para pegar nos laterais, convidando os médios centro a subirem na pressão para ajudarem o ponta de lança e a ficar a zona entrelinhas meio-campo/defesa desguarnecida.

Este é quanto a nós o ponto que o Benfica deve prestar mais atenção. Caso consigamos sair a jogar pelo chão sem perder bolas, as principais qualidades do FCP (querer e jogo aéreo) são quase eliminadas. Daí a importância de termos no 11 jogadores como Svilar e Rúben Dias que conseguem sair a jogar (e lêem o jogo) muito melhor do que Varela e Jardel.

Será vital para o Benfica conseguir jogar a 1, 2 toques, caso contrário acabará por perder muitas bolas logo no início da construção.

Características ofensivas F.C.P.

O FCP começa a construir com 6 jogadores (4 defesas, Danilo e um dos médios a recuar – à vez). Depois o outro médio entrelinhas e os 3 avançados bem lá na frente a procurar sobretudo receber em profundidade ou no jogo aéreo (Aboubakar ou Marega). A paciência não é uma virtude dos centrais do FCP, e caso não estejam a conseguir colocar a bola nos médios, facilmente desistem e bombeiam bolas para serem ganhas pelo físico dos avançados do FCP. Aqui o Benfica tem clara desvantagem e será importante os seus jogadores perceberem que bola no ar (nas zonas em questão) não pode criar perigo e portanto a preocupação principal deverá ser a de ganhar as segundas bolas.

Um dos problemas maiores que o Benfica terá que enfrentar será quando a bola chegar a Brahimi. O melhor jogador titular do Porto é uma pedrada no charco no que diz respeito à qualidade e criatividade. Uma das formas de o “secar” é não o deixar virar, como Maxi fazia sempre nos tempos em que ainda era campeão.

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Importante continuar a manter este estádio como tem estado…vazio de títulos.

O que devemos fazer

Ofensivamente devemos circular a bola rapidamente e pelo chão, para não dar tempo ao FCP de subir as linhas e fazer pressão e devemos estar conscientes que cada bola que seja batida no ar é uma bola perdida, sendo que por isso os nossos avançados devem sempre procurar as segundas bolas e não o confronto no ar.

Defensivamente devem ser identificados ao pormenor os indicadores de pressão que devemos ativar. Quanto a mim, a entrada da bola nos médios ainda de costas deve ser um desses indicadores, pois principalmente Herrera tem bastante dificuldade no contacto com a redondinha. Devemos evitar toda e qualquer transição ofensiva do FCP pois é muito difícil parar o trio ofensivo do FCP quando arranca em velocidade. Em organização ofensiva deixemo-los estar pois é o momento mais fraco do Porto (pois é aquele que é necessária mais qualidade e inteligência).

Resumo

Para além de Brahimi, o FCPorto só consegue fazer a diferença no querer (confronto físico, duelos aéreos, bolas paradas e velocidade das suas “bestas”). Saibamos desmotivá-los e cansá-los com bola e um resultado positivo ficará muito mais perto. Será fundamental o Benfica entrar a assumir o jogo e a mostrar que a inteligência manda mais do que a força bruta.