Acabaram as possibilidades de nos qualificarmos para os oitavos da Champions ou para a Liga Europa. Efetivamente, este ano, as limitações que o Benfica apresenta impediram-nos de fazer algo minimamente interessante nas competições europeias. Não viria mal ao mundo (poderia ser apenas um ano mau na europa) caso isso não trouxesse implicações para o campeonato. No entanto, traz.

As dificuldades que o Benfica sentiu ontem por exemplo, são bastante inferiores às que sentirá dia 1 de dezembro no Estádio do Dragão. Caso os intervenientes sejam os mesmos, o resultado não será bonito.

Tal como aqui já foi dito, não interessa se é 4-4-2, 4-3-3 ou outra tática qualquer. Nenhuma tática “per si” vai trazer qualidades a Varela, Almeida, Luisão, Jardel e Eliseu que lhes permita sair com bola. No entanto, há dinâmicas que nada têm a ver com a tática e que permitem esconder algumas limitações dos jogadores. Lembro-me do que Vítor Pereira fazia no último ano no FCP: Mangala não tinha qualidade com bola e, por isso, cada vez que a bola chegava ao francês, Fernando baixava no terreno e ia buscar a bola a Mangala. O francês foi considerado dos melhores centrais do campeonato. No ano seguinte, Paulo Fonseca não se apercebeu desta limitação (porque nunca tinha sido exposta) e Mangala perdia bolas atrás de bolas…

Uma das funções do treinador é “mascarar” as deficiências dos seus jogadores, procurando fomentar ações em que estes são melhores e evitando as que são piores. Ontem o que se assistiu foi precisamente o contrário. O coletivo enterrava-se a si mesmo e a única réstia de esperança dos adeptos era quando Sálvio pegava na bola e lutava sozinho contra o mundo. Claro que nunca resultou…nem nunca devia ter acontecido tal tentativa se as coisas fossem pensadas de outra forma…

Infelizmente, os erros do Benfica continuam a ser os mesmos e cada vez que há um adversário ligeiramente menos fraco a equipa sucumbe. Não respeitamos os princípios de jogo, não temos preocupações coletivas, não pensamos no que estamos a fazer, somos lentos que dói, despejamos bolas para a área, jogamos sem o mínimo de alegria…tudo demasiado mau.

Com bola, passamos 95% do tempo em construção e em 90% das vezes perdemos a bola. Se apenas 10% das bolas chega a zonas de criação, quantas é que chegarão à fase seguinte de finalização? Poucas pois claro…

Resumindo o jogo de ontem para quem não viu: Benfica com bola e incapaz de a fazer circular no primeiro terço do terreno(!!!) acaba por:

  1. perder a bola e sofrer um ataque rápido do CSKA;
  2. meter a bola no Varela que bate na frente para as torres do CSKA ganharem a bola e iniciarem um ataque organizado;
  3. eventualmente conseguir ultrapassar a 1ª linha de pressão do CSKA e depois voltar para trás.

Ponto nº 1 – se queremos circular bola, devemos ter jogadores que saibam ter bola.

Ponto nº 2 – se vamos bater bola na frente, convém ter mais do que um jogador na frente para que se possa fazer alguma coisa. E se puder não ter a altura de Jonas, Sálvio ou Diogo Gonçalves também era capaz de ser porreiro. Ou então não faz sentido bater por cima!

Ponto nº 3 – se temos bola e estamos a ultrapassar linhas adversárias, temos que ser rápidos, porque senão eles recuperam!

Faltou tudo ontem. Resta-nos tentar ver as coisas pelo lado positivo: agora podemos concentrar-mo-nos no campeonato, taça de Portugal e taça da Liga. Pelo menos por agora…