Peço desculpa mas não faz parte da minha essência ver o tipo de programas como o que ontem teve lugar na BTV. Tal como creio que não faz parte da essência do Benfica estar na génese deste tipo de “manobras”. Mesmo assim, vou assumir a escrita de uma crónica apenas baseado nas informações que foram veiculadas nos meios de comunicação social, correndo o risco de ser injusto. Conto com vocês para que me corrijam e chamem a atenção para qualquer falha que ocorra.

Os princípios que conduziram à fundação do Sport Lisboa e Benfica não se coadunam com o que ontem teve lugar na televisão do clube. Sempre nos honrou o facto de tentarmos ser “De muitos, um!” e tentar sempre fazer a diferença para o bem. Ontem, fomos apenas iguais a outros e a semelhança foi feita para o mal.

Há entidades, mecanismos e processos onde devem ter lugar o tipo de queixas que ontem foram trazidas a público pelo canal oficial do clube. Mesmo que não tenha sido revelado o conteúdo minucioso das queixas, foram ditas muitas coisas que apenas deveriam ter eco nos órgãos que tratam esses processos.

Estamos a ser atacados e necessitamos de nos defender? Concordo. Mas para nos defendermos não necessitamos de ir para a lama lutar com eles. É que não nos devemos nunca esquecer que numa luta na lama os porcos têm sempre vantagem.

Quando em anos anteriores me senti orgulhoso por assistir ao silêncio do Benfica quando outros papagaios falavam, fui levado a achar que sabíamos o que fazíamos e porque é que o fazíamos. Quando Luisão vem dizer “Quando outros falavam, nós trabalhávamos” a minha tese saiu reforçada. Com o programa de ontem e os episódios que têm antecedido esta novela, sou levado a acreditar que afinal foi apenas uma questão de sorte. Que não foram os princípios de Cosme Damião e amigos que levaram à tomada consciente de decisão de nos mantermos calados e trabalharmos enquanto outros tentavam arrastar o nosso nome para o seu meio.

Com facadas destas no que é o “Sport Lisboa e Benfica” não adianta falarmos na obra feita, nos títulos conquistados ou nos jovens formados. Esta é uma mancha, como outras que têm acontecido, e que ficará para sempre na história do clube que os seus criadores sonharam que poderia distinguir-se entre muitos. Que poderia ser diferente, e mostrar que sabemos perder e sabemos ganhar mas os ideais que nos guiam em ambas as situações são sempre os mesmos.

Quando os tempos são mais difíceis é quando se exige que sejamos mais fortes. É no meio da escuridão que a luz consegue fazer a maior diferença. Saibamos honrar os ases que nos honraram o passado e deixemos o Benfica ser aquilo para que foi feito: “E Pluribus Unum!”