Trocar Pizzi por Filipe Augusto é à partida um downgrade mas poderá fazer sentido. Se Pizzi estiver em baixo de forma ou cansado e Filipe Augusto estiver melhor, então é normal que se prefira o brasileiro.
O que não é normal, é que se prefira Filipe Augusto em detrimento de Krovinovic. O sérvio tem muito mais potencial e já qualidade efetiva do que o brasileiro. No entanto, a justificação de Rui Vitória não só explica o porquê de Filipe Augusto em vez de Pizzi, como também o porquê do brasileiro estar à frente do croata:
“Entendemos que era fundamental um reforço do poderio físico na zona central do meio-campo para dar mais robustez”
E pronto, mais um passo atrás com Rui Vitória a demonstrar que há velhos hábitos que nunca se perdem. Em 2017, uma década e meia depois do futebol ter começado a mudar, há hábitos das décadas de 90 (e anteriores) que Rui Vitória ainda tem.
Numa altura em que eu já pensava que Rui Vitória sabia que o futebol se joga com os pés, mas sobretudo com o cérebro, lá veio o nosso técnico demonstrar que não. Para ele, o futebol tem uma componente de força tão importante que fará prevalecer a escolha de determinado elemento ao invés de outro porque tem mais poderio físico. Provavelmente no jogo de domingo, se Messi atuasse pelo Benfica começaria o jogo no banco. E Zidane, Xavi ou Iniesta. Que útil seria termos Fernando Aguiar ou Beto neste plantel!
Não se compreende…estamos a falar de luta-livre, râguebi ou futebol? Que eu saiba, apenas nos dois primeiros é permitido que a força seja utilizada em quase todas as ações…no futebol, há no máximo dois ou três lances em que um jogador possa estar envolvido e ganhar ou perder a bola por motivos físicos; já por inteligência (ou falta dela) estamos a falar de 100% dos lances.
Não pretendemos estar a desvalorizar a opção por Filipe Augusto, até porque já por aqui se mostrou que o brasileiro é melhor do que a maioria dos adeptos tem vindo a defender. No entanto, as razões pelas quais Rui Vitória explicou a titularidade do brasileiro são simplesmente ridículas e fazem parte de um caminho que o Benfica já não devia estar a percorrer.
Pensem no vosso top-5 dos melhores jogadores de futebol de todos os tempos. Ou pensem no top-5 dos melhores médios centro de todos os tempos. Alguns deles está nesse top pelo poderio físico que apresenta? Alarguem ao top-20 ou 50 e digam-me se continua a haver lá algum…
E é isto…quando achamos que Rúben é titular porque é melhor em tudo do que Jardel, provavelmente sê-lo-á apenas porque fizeram um braço de ferro e ganhou o português.
Antes de começar o meu primeiro comentário no site, dizer só parabéns pelo bom trabalho até agora, e que assim continuem!
Estou de acordo com a ideia geral do post, que o futebol joga-se melhor se jogado com alguém que aos aspetos técnicos, alia a inteligência na tomada de decisão. Para além disso, não sou um particular defensor do RV (veja-se como Jesus muda radicalmente o jogar das suas equipas para melhor, ou o que fez Sérgio em poucos meses de Porto, cOM um plantel que o próprio considera curto). Também dou mais crédito ao F Augusto do que a maioria das pessoas com que falo, e sobre o Pizzi, foi justamente o melhor jogador da época passada, e fases más todos têm, por isso é que temos plantéis de 25 e não de 11 ou 14.
No entanto, não concordo com a crítica expressa ao RV, nomeadamente de dizer que recuamos 10 anos atrás com ele, só por uma declaração em que justificou a saída do Pizzi do 11. Acho que no futebol tem de se ser pragmático, e às vezes há que tomar estas decisões. O Aves joga com 3 médios centro “operarios”, sobretudo o Gonçalo e o Washington muito fortes fisicamente. Colocar um pouco mais de fisico no meio campo não me parece mal. E com isto não estou a dizer para meter um Samaris para ir aos duelos todos sem critério (nem o RV o faria se pudesse contar com ele no jogo), mas meter um médio centro que corra muito para se libertar da marcação, e que seja capaz de segurar a bola impondo a sua capacidade física, pareceu me bem. O Pizzi está em baixo de forma, e o jogo tem mais precisado de chegar até ele do que ele se tem mostrado ao jogo. O F Augusto está constantemente a dar linhas de passe, e o seu jogo sem bola em ataque posicional é neste momento superior ao do Pizzi. Também gostava de ter visto o Krovinovic, que também se mostra muito ao jogo e fá lo com muita inteligência, e acredito que em breve começaremos a vê lo mais. E achei que este era o jogo ideal para ele se mostrar a titular.
Em segundo lugar, este foi apenas um exemplo. O Lisandro é um poço de força, e não calça. O Eliseu tem muito mais físico que o Grimaldo. O Jiménez em termos físicos é do melhor que há, e não tem a titularidade assegurada. O Samaris também é um bicho, e nunca tirou o lugar ao Pizzi. E isto só a falar do plantel desta época. Parece-me óbvio que esta foi uma decisão pontual, aproveitando um momento menos bom do Pizzi e um adversário que joga da forma que expus , do que uma regra a seguir.
Para finalizar, não me parece que RV seja tolo o suficiente para deixar o Messi na bancada. No entanto, o futebol não pode ser 100% romântico e teórico e esquecer o pragmatismo. São 11 jogadores em campo, há lugar para os fora de série , os tecnicistas, os finalizadores, os tanques, os pinheiros. Eu não faria uma equipa com 11 Messis, éramos capazes de levar muitos golos, então pelo ar seria uma esta. Ganharia todos os jogos com 2 ou 3 Messis, portanto o resto do 11 ia ser uma mescla de vários tipos de jogador. Agora, independentemente de quem joga, há que apresentar um jogo bem melhor do que temos visto.
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No meu comentário anterior, leia-se “seria uma festa” e não “seria uma esta”.
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Salvio em vez de Zivkovic; Filipe Augusto em vez de Krovinovic; o próprio Diogo Gonçalves em detrimento de Cervi; noutro plano, Douglas em vez de Pedro Pereira; num tempo não muito recente Jardel ou Lisandro em detrimento de Ruben Dias. Claro que foi uma situação pontual e que em nada traduz um pensamento sistemático de RV…
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Sendo assim ficam por explicar alguns factos.
Desde que Rui Vitória entrou no Benfica conseguiu menos de 50% de vitórias fora de casa para o campeonato sempre que jogou com Pizzi a número 8.
Quando jogamos com Renato Sanches e André Horta naquele lugar foi batido o recorde de vitórias consecutivas fora de casa para o campeonato.
Nunca marcamos mais de 2 golos fora de casa com Pizzi a jogar naquela posição e a última vez que marcamos mais do que 1 golo fora de casa com Pizzi foi quase há um ano em Guimarães.
Acho que a amostra de jogos é suficiente para contrariar essa tese. O futebol não é só ataque. Numa equipa não pode existir só artistas. Se o Barcelona jogasse com 11 Messis até com o Aves perdia.
Se não existir equilíbrio numa equipa nada feito.
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Se o Barça jogasse com 10 Messis e um GR o Aves tocava na bola para a reposição no círculo central e a menos que o 11º Messi fosse um frangueiro da cepa de Bossio ou Júlio César (o outro, não o Imperador) a diferença não seria muita.
Agora as estatísticas. Se tu tiveres 4 galinhas e eu nenhuma, em média temos 2. Portanto a equipa não perdeu por causa de Pizzi ou ganhou por causa de Renato. A presença de um ou outro em campo pode facilitar ou não essa vitória. Um Barça de 11 Messis, se participasse num campeonato com outro Barça de 11 Messis, apenas um seria campeão.
Depois os critérios de escolha, que perfiguram aqui uma falácia do tipo “ninguém está a falar disso”. O que o Chalana questiona é que «O que não é normal, é que se prefira Filipe Augusto em detrimento de Krovinovic. ». Que Pizzi pode não estar apto não é argumento é premissa. Dizer que um meio campo de combate é que é, funcionaria no Rugby e no Futebol Americano. Basta ver como o Aves se focou, a partir dos 15 minutos em meter bolas largas no nosso lado direito para se perceber como o meio campo de combate idealizado por RV redundou em nada.
E já agora, falar em André Horta vs Pizzi numa discussão sobre “a necessidade de pujança física” é como comparar etíopes com somalis.
In extremis, uma equipa de 11 Fejsas ou de 11 Krovinovics terá sempre mais hipóteses frente a um Aves do que uma equipa de 11 Renatos, não porque sejam mais fortes ou mais “artistas” mas porque percebem melhor o que fazer e quando o fazer.
Isto tudo não invalida que Filipe Augusto tenha feito um jogo muito mais positivo do que a generalidade dos adeptos diz. Acho que se esforçou genuinamente por dar seguimento a jogadas, tentou ligar a defesa com o ataque e teve passes que quebraram linhas do adversário várias vezes. Bem pior e mais inconsequente esteve Sálvio, mas já se sabe que quando se tem Red Pass não há como sair do 11.
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Desvalorizar a componente física em detrimento da componente técnica é não perceber o futebol (actual ou de antanho).
Justificar que a parte técnica é que conta mais com a equipa do Barcelona é não perceber como o Barcelona jogava. Talvez a equipa da história do futebol que melhor defendia, para além da indiscutível melhor posse de bola da história. Era pequenos? Mas corriam como ninguém.
O Benfica tem um problema de falta de peso, falta de centímetros e falta de velocidade.
Porque é que acha que o Benfica foi goleado pelo Basileia? Porque eles são muito melhor tecnicamente que o Benfica?
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Portanto com um meio campo de Fejsa, Samaris e Filipe Augusto o Benfica não era goleado em Basileia? Jardel não tem mais centímetros e mais peso do que Ruben Dias? O melhor Barcelona da história era uma equipa de contacto físico intenso e que vivia de ganhar a bola em choques?
O Benfica foi goleado pelo Basileia por um lado porque há dias em que tudo o que vai à baliza entra, por outro porque alguém não fez o trabalho de casa…
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“Se o Barcelona jogasse com 11 Messis até com o Aves perdia.” De todas as coisas que já foram ditas sem qualquer sentido, esta deve ser a pior de todas.
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