Muitas alterações promovidas por Rui Vitória que nos surpreenderam logo desde o início. Assim sendo, há muitos assuntos para debater e que vamos separar por vários artigos. Neste abordamos a vertente tática.

Não contávamos com a titularidade de Svilar, Filipe Augusto e Diogo Gonçalves e acima de tudo não contávamos com a variação tática introduzida. Abdicando do habitual 4-4-2, o Benfica apresentou-se num 4-3-3 (soft) que se transformava em organização defensiva num 4-1-4-1.

Partindo desse 4-1-4-1 em organização defensiva, com Fejsa a jogar entrelinhas, o Benfica conseguiu impedir o jogo entrelinhas do Manchester e criar uma elevada concentração defensiva (muitos homens por m2) com o descer da linha intermédia e o subir da linha mais recuada – sendo a profundidade assegurada por Svilar.

O Benfica assumiu um recuar de linhas premeditado, com uma atitude expectante quando a bola se encontrava em zonas menos importantes (corredor lateral por ex.).

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4-1-4-1 expectante

Quando a bola chegava a zonas mais importantes (homens do meio-campo ou perante a ativação de alguns indicadores para pressão), o Benfica apertava o portador da bola através de um  dos médios (Augusto ou Pizzi), ocupando Fejsa a posição desse médio e transformando-se então num 4-4-2.

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O recuar das linhas permitiu ao Benfica ter uma superioridade numérica muito substancial no 1º terço do terreno, pois como se pode ver na imagem acima, o Manchester tinha demasiadas unidades na 1ª fase de construção, sobrando depois poucas para atacar.

A forma como a pressão foi feita, onde todos os jogadores percebiam a ativação do momento de pressão, foi um dos melhores aspetos do Benfica, principalmente na 1ª parte, onde se deu a recuperação de algumas bolas em zonas altas do terreno e que permitiram ao Benfica criar perigo.

Esta atitude mais conservadora, com o recuar das linhas e com a introdução de mais um elemento na zona central do meio-campo, justifica-se perante um Manchester United que tem nas suas transições ofensivas o seu ponto mais forte. Aqui, ao contrário de outros jogos, o Benfica soube anular esse momento tanto através de bons posicionamentos como através do recurso à falta, como foi o caso do cartão amarelo a Diogo Gonçalves (onde na ausência da falta, Rashford preparava-se para uma possível situação de 1×1 + GR).

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Ficou a faltar a parte com bola, momento do jogo que o Benfica, a partir dos 15 minutos, nunca soube assumir e que se refletiu na inexistência de oportunidades de golo. Durante todo o jogo, o Manchester sujeitou Svilar a duas defesas mais complicadas, enquanto que De Gea foi um espetador o jogo todo. Bem defensivamente o Benfica, mas a produzir muito pouco do ponto de vista ofensivo. A inexistência de Jonas limita a equipa a um deserto ainda maior de ideias do ponto de vista ofensivo.

Um jogo que pode constituir uma boa base de partida para jogos mais complicados que aí virão, mas que não pode nunca ser encarado como suficiente perante a inexistência de perigo criado pelo Benfica e pela incapacidade de jogar em organização ofensiva, facto que se refletiu na miserável percentagem de posse de bola.

Notas extremamente positivas para Rúben Dias (melhor em campo) e para Diogo Gonçalves.