Atualmente, uma grande equipa é aquela que consegue jogar bem em todos os momentos de jogo. Já há alguns anos, e cada vez mais, que não é possível ser competente em apenas alguns momentos de jogo. O Benfica atual claramente que ainda se encontra muito longe de ser “capaz” em todos os momentos de jogo.

O momento em que o Benfica apresenta maiores dificuldades será o da transição defensiva. Com muitas perdas de bola no 2º terço do terreno, surgem muitos ataques dos adversários frente apenas à última linha defensiva benfiquista. Tal como já defendemos aqui, o recurso à falta é uma das opções passível de resolver este problema no imediato. As restantes carecem de maior treino e demorarão mais tempo a ser implementadas (mas têm que o ser!).

Somando a isto, o facto do melhor momento do Manchester United ser o da transição ofensiva, cremos estarem reunidas as condições para um verdadeiro pesadelo amanhã no Estádio da Luz. Com Matic a assumir um dos papéis principais, onde a sua capacidade de leitura, recuperação de bola e saída a jogar, seja através de passada larga ou de passes verticais, poderão causar enormes estragos na defesa benfiquista.

Há um ponto contudo que não deve ser esquecido. A concentração da equipa benfiquista será (quase de certeza) muito maior do que a dos Red Devils. Estes atravessam um bom momento e vêm de um jogo muitíssimo desgastante do ponto de vista mental frente ao Liverpool. Na Champions somam por goleadas os dois jogos realizados e estão confortáveis na liderança do grupo. Sabendo-se do desgaste que é a Premier League, ao contrário do que faria supor,  a Champions poderá ser a competição onde o Man. Utd. poderá relaxar. Este será o único ponto a favor do Benfica e que poderá equilibrar um pouco mais a balança.

A perspetiva do Benfica não assumir as despesas do jogo de forma clara, ou seja, vivendo o momento de organização ofensiva a pensar mais do que o normal na transição defensiva poderá ser a estratégia mais adequada. O bando de lebres que o United solta na frente após cada recuperação de bola tem que colocar o Benfica de sobreaviso para este momento. Sofrer um golo primeiro do que marcar será condenar a equipa à quase inevitabilidade de sofrer nova goleada.

Caso o Benfica consiga um resultado positivo (uma vitória, ou perante algumas circunstâncias mesmo o empate), poderá ser a alavanca necessária para a equipa afastar de si própria a desconfiança que parece sentir.

Uma coisa é certa: quem já ganhou 2-1 a um Manchester United que apresentava, entre outros, Van Der Sar, Rio Ferdinand, Scholes, Giggs, Rooney, Ronaldo e Van Nistelrooy enquanto que nós alinhámos com Quim, Alcides, Anderson, Luisão e Léo; Beto, Petit, Nélson, Geovanni, Nuno Assis e Nuno Gomes, então sabemos que a vitória no jogo de amanhã não é um sonho impossível e é nos momentos mais difíceis que são escritas as páginas mais gloriosas de um clube que desde a sua fundação tem teimado em realizar os sonhos mais audazes dos seus adeptos.