2 jogos, 2 derrotas, 2 golos marcados, 7 sofridos e duas exibições que geraram preocupação.

Nesta altura da época os maus resultados não têm implicações futuras, mas deverão ser analisados convenientemente. O ponto que gera maior preocupação é a defesa. A saída de Ederson, Nélson Semedo e Lindelof deixaram a defesa claramente mais fraca e apesar do clube se ter tentado preparar atempadamente para estas perdas, os seus substitutos não parecem estar a suprimir a ausência dos 3 jogadores de qualidade mundial.

Ederson seria sempre muito difícil de ser substituído pois é já hoje um dos melhores guarda-redes a nível mundial. Com ele, o Benfica defensivamente conseguia controlar a profundidade pela sua velocidade a sair dos postes e ofensivamente impedia que as equipas adversárias tentassem a pressão alta com medo de levarem bolas nas costas (além de garantir uma boa circulação de bola para tirar a mesma das zonas de pressão). Júlio César nunca dará nenhuma das duas e a capacidade de jogar com uma linha tão alta poderá estar comprometida.

Quanto a laterais direitos, ao dia de hoje, Pedro Pereira e Aurélio Buta não dão as mínimas garantias a nível defensivo. Seja pelo cansaço ou pela falta de entendimento do que lhes é pedido, nenhum dos dois consegue cumprir com o que a equipa necessita. André Almeida é ligeiramente melhor taticamente, mas a frase muitas vezes ouvida “André Almeida é muito bom taticamente a defender” é infelizmente falsa. André tem graves falhas de posicionamento, principalmente quando a bola se encontra do lado oposto e ofensivamente, apesar de ter vindo a melhorar com o tempo, também não oferece a capacidade de desequilíbrio que a equipa necessita. No entanto, é claramente a solução mais madura para jogos em que a defesa seja posta à prova.

Na zona central da defesa, a principal diferença sente-se quando a equipa tem bola. Lindelof tem dois pés em vez das habituais tábuas dos defesas centrais e esse era um dos pontos que permitia ao Benfica desestabilizar as organizadas defesas contrárias logo nos seus avançados. Atualmente Jardel continua sem recuperar os índices físicos e a motivação de outros tempos e Lisandro é um barril de pólvora que pode rebentar a qualquer altura. Rúben Dias seria claramente a minha aposta, mas a ausência de minutos ao lado de Luisão (talvez por jogarem do mesmo lado) assim não o vislumbra. Kalaica parece não contar. Esperemos pelo regresso do melhor Jardel com o acumular de minutos.

Todos estes problemas poderão fazer-se notar em jogos em que a defesa seja posta à prova – cerca de 25% dos jogos do campeonato e todos os das competições europeias. Nos restantes será dito que “a defesa já está muito melhor”…

Ofensivamente, este ano prevê-se mais complicado do que o anterior. Para as outras equipas, obviamente. A somar à qualidade que já existia, espera-se que se consiga subtrair a quantidade parva de lesões que ocorreram o ano passado e ainda se soma um Rafa, um Zivkovic e um Cervi mais entrosados, um Pizzi que já terá concorrência à altura daqui a umas semanas e um Seferovic que tem um cérebro na ponta das botas. Tempos nada fáceis para as equipas que terão que defrontar um nível de inteligência por m2 ainda maior do que nos últimos anos.