O plantel do Benfica começa a ganhar forma, e com ele muito dos nosso sonhos.
Mas teremos nós soluções em número suficiente para arrancar para uma temporada de sucesso?
Comecemos pela baliza.
Júlio César será o candidato número um. Porém, as constantes lesões parecem ter-lhe retirado agilidade e velocidade de movimentos. A forma como encurta o espaço para a última linha também está bastante deficitária, se comparada com a de Ederson.
Segundo as informações que nos chegaram, Paulo Lopes passará para a estrutura do Benfica, dando continuidade à sua vontade em servir o clube que tanto ama, mas agora, fora das quatro linhas, mesmo no último jogo da época. A dúvida a este respeito é se continuará ou não a subir à baliza, e caso tal não aconteça, quem lhe irá suceder?
Será André Moreira uma solução com impacto?
Bruno Varela não parece ser uma opção que garanta a habitual segurança a que nos fomos habituando.
No sector defensivo, muitas das nossas dúvidas.
Se Nélson Semedo partir, entregaremos toda a responsabilidade ao jovem Pedro Pereira? Pedro é rápido, concentrado e com muito potencial. Mas terá sempre de passar por um processo de aprendizagem com muito erro, para chegar ao ponto ideal que nos dê garantias de uma época triunfante. O risco é grande.
No lado esquerdo, nova lesão de Grimaldo contribui para que pudessemos continuar a admirar o seu talento por mais uma temporada, esperando que menos acidentada. É o melhor defesa esquerdo da Liga. Talento, velocidade de execução e inteligência. Se perder alguns jogos, Eliseu que vem de uma grande Taça das Confederações dará conta do recado.
Luisão deverá formar dupla com Jardel. Mas, também ai algumas dúvidas. Depois de uma paragem longa, é necessário que Jardel readquira o seu ritmo competitivo. Se voltar a atingir o nível de outrora, estaremos bem preparados. É rápido, concentrado, forte nos duelos e entende-se colectivamente muito bem com o capitão. Lisandro figura-se como uma alternativa credível. Desde que ninguém pare por demasiado tempo por lesão.
No meio campo, soluções que parecem infindáveis. Fejsa e Pizzi partirão sempre à frente. O sérvio é o “rei” das transições defensivas. Vence todos os duelos, recupera milhares de bola e inicia os ataques. É indiscutível pela sua qualidade! Alternativas: Samaris, Danilo (que terá de provar mais qualidade. Que a tem!) e Filipe Augusto.
Pizzi continuará a pautar com inteligência e critério os nossos ataques. A concorrência de André Horta, Chrien e… João Carvalho? poderão permitir-lhe repousar quando o excesso de fadiga se fizer notar.
João Carvalho e Krovinovic são dois dos mais talentosos jogadores da nossa Liga. Qualidade técnica incrível de dois jogadores que mais que resolverem jogos nos momentos de notoriedade, empurram a equipa para a frente com as suas decisões, que fazem jogar todo um colectivo. Poderão jogar na posição 8, mas também como segundos avançados ou até alas, uma vez que em organização ofensiva, estes tendem a invadir o corredor central.
Na posição de Extremos, continua o Benfica muito bem servido. Há Salvio, o rompedor que vence duelos individuais com incrível facilidade e que finaliza como nenhum outro, mesmo que nem sempre ligue condignamente os ataques. Cervi, o mais eficaz defensivamente, pela sua reactividade e disponibilidade. Mas, também muito capaz ofensivamente, pela velocidade a que se move e drible curto. Carrillo, menos veloz e de drible menos desconcertante como antes, mas hoje mais refinado cognitivamente. Um extremo que usa sempre a cabeça e sabe quando deve ou não acelerar e pausar cada lance. Zivkovic e Rafa, os dois com maior capacidade de desequilibrio e de definição de todo o plantel. Ambos prometem muito para a nova época, e tendo oportunidades, dificilmente não causarão estragos nas defensivas adversárias.
Na frente, Jonas continuará a ligar os ataques com qualidade e a fazer a diferença seja a criar seja a finalizar, e as dúvidas maiores são sobre quem o acompanhará.
Raul terminou a temporada em grande evidência. É um finalizador, para além de incansável defensivamente, mas poderá estar de saída. Mitroglou demonstra lacunas nas zonas mais recuadas e nem sempre dá a intensidade necessária nos momentos defensivos, mas na grande área é mortífero e faz muitas vezes a diferença na finalização. Seferovic é uma incógnita. O histórico não é prometedor, mas o próprio já foi referindo, e com razão, de que é mais fácil jogar numa equipa grande. Tem qualidade técnica e mobilidade que lhe permitirão ligar o jogo ofensivo. Arango é rápido, mas ainda falta perceber a sua capacidade para se integrar numa equipa com um nível tão elevado.
Se do meio campo para a frente, tudo parece bem acautelado, as maiores dúvidas centram-se sobre a qualidade na baliza e no quarteto defensivo. Jardel tem qualidade, mas falta perceber se voltará ao nível de outros dias. Pedro Pereira é demasiado inexperiente para uma aventura tão importante, e Júlio César já viveu melhores dias.
Todavia, é das fraquezas que se fazem forças, e os últimos anos têm provado que quem tem oportunidades, as faz por merecer. Com Rui Vitória ao leme, preparando desde já novas nuances ao modelo de jogo do Benfica, fica a expectativa e ansiedade enorme para ver o quanto antes a versão que tentará o inédito penta!